quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Saudade

 
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Já fez 3 anos, passou rápido, ou talvez não, mas ainda tenho na memória a sua voz e o seu cheiro, os seus conselhos, ainda o vejo na sua poltrona, ainda o vejo às voltas das suas antiguidades, ainda o vejo a comprar chocolates e, às escondidas, a dar aos netos "chiu... não digam nada aos pais", afinal de contas também é para isso que servem os avós, para fazer tolices.
Porque hoje faz 3 anos que o meu querido avô Francisco partiu.

Deixou-me muitas coisas, grandes coisas, coisas que não consigo explicar, coisas imaterializáveis, coisas que não são palpáveis, coisas eternas...
Deixou-me uma grande herança, desde a rebeldia como vivia o seu gosto pela arte sem presunções nem elitismos, a dedicação aos livros, a reverência ao cinema, à musica e as suas visões políticas, completamente anarquistas.
Deixou-me valores, mas daqueles valores que já são uma raridade. De caracter forte mas sempre carinhoso à sua maneira.
Deixou-me uma família e, que raro ter uma família, que extraordinário que riqueza, talvez a maior herança que nos podem deixar: uma família.

Em tua memoria; hoje vesti as riscas, que me ofereceste quando foste a Lisboa;
Em tua honra; hoje trabalho a ouvir Nino Rota.
Em tua vitória; hoje vou à Missa.
Em tua alegria; hoje deixo aqui a tua cena de cinema preferida, aquela cena que retratava a subtileza humana, a história da fragilidade e da grandeza do perdão. A conversão dos índios da Amazónias ao som do Ennio Morricone na flauta do Father Gabriel, o Jesuíta da Missão. Era o confronto entre dois mundos, entre duas culturas mas um só Deus e tu dizias-me sempre "é impossível não chorar ao ver isto":
 
 
 

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