domingo, 1 de fevereiro de 2015

O ferro de engomar e a mulher do século XXI

A última vez que passei a ferro. A pressa não me fez desistir daquelas calças todas amarrotadas, os cortinados como alguém dizia. Peguei no ferro, temperatura no máximo (repito: estava com pressa). Resultado: 100% de poliéster queimado. Pus de lado a ideia do ferro de engomar (e das calças). 

Dei por mim a concluir que era uma mulher no século XXI com medo do ferro de engomar e da máquina de lavar a roupa. A máquina de lavar a roupa: nem percebo muito bem o que ali se passa. Ela roda, ela mete água. E diz por aí que às vezes a roupa entra de uma cor e sai de outra. Uma verdadeira engenharia. E eu não sou engenheira, muito menos engenhoca. Ainda acabo por ser eu a meter água.

Esqueci a ideia da mulher no século XXI que faz tudo através de meia dúzia de aplicações no iPhone mas tem medo da tecnologia da lavandaria. Inscrevi-me num curso de S.O.S casa e ouvi umas piadas.

"Queres ser uma dona de casa dos anos 50"

Não, quero ser uma mulher no século XXI que sabe tratar da roupa e da casa como uma mulher noutra época qualquer. Ser tão bem sucedida num emprego como na minha própria casa. Saber que os lençóis de algodão se lavam a 40º, que as nódoas de sangue saem com amoníaco e as de vinho com perborato de sódio. Saber distinguir algodão de poliéster. Fibras acrílicas de lã verdadeira.

Não, não quero sofrer dessas estranhas mutações que passam de século para século. Quero dar uma oportunidade ao ferro de engomar e à maquina de lavar a roupa. Arregaçar as mangas e ser uma engenheira na lavandaria. 

Arrumei a ideia de "mulher do século XXI" no lugar do ferro de engomar. Não me peçam para escolher entre os saltos altos e o soflan.


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