segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Não sei como dizer isto

Não sei como dizer isto. Não sei como escrever sobre isto sem ser mal interpretada. Na verdade é um risco que se corre quando se decide publicar o que nos passa pela cabeça. Não se trata de dizer tudo da “boca para fora” sem pensar em quem está do outro lado (pelo contrário, nunca apoiei a campanha “je suis charlie”). Mas não sei como dizer isto.

Na maioria das vezes aquilo que se pode chamar de “inspiração” surge-me nos acontecimentos mais banais do meu dia-a-dia. Neste caso foi numa ida ao super-mercado.

Não sei como dizer isto mas cá vai. E não me levem a peito.

Sou apoiante da maioria das causas sociais. Com exceção de uma ou outra que vão totalmente contra os meus princípios, sou apoiante. Gosto de contribuir para o Banco Alimentar, de dar esmola àquela velhinha do metro que faz flores em tricot e fazer voluntariado. Gosto de me lembrar daquelas palavras: “eu não acredito na esmola que não custa”.

Mas isto não se trata do que eu faço. Talvez mais daquilo que eu não faço.

- É importante contribuir para a recolha de alimentos para animais no super-mercado mas não somos capazes de dizer “bom dia” e sorrir à senhora que está na caixa. Principalmente quando esta trabalha a um sábado.

- É importante dar a roupa que já não usamos aos pobre mas não somos capazes de emprestar a que usamos às nossas irmãs.

- É importante fazer doações generosas mas não nos lembramos de prestar mais atenção àquele amigo que está em baixo, ou de rezar por alguém com quem estejamos chateados.

- É importante fazer voluntariado mas não somos capazes de chegar a casa e pôr a mesa sem que nos tenham de pedir.

- É importante dar esmola mas não pensamos duas vezes antes de deitar a comida que está no prato fora.


Repito: é importante. Não me interpretem mal. Mas às vezes para ajudar não precisamos de ir além fronteiras. A única fronteira que temos de atravessar é a nossa. 


4 comentários:

CM disse...

acho quase impossível alguém interpretar mal...
concordo plenamente a maior barreira de doar somos nós e muitas vezes é mais fácil doar a uma imagem, a uma intituição, como sendo algo exterior do que percebermos que cada acto nosso é um acto de amor e doacção *****

Ni disse...

Obrigada CM! Continue a passar por cá :) Beijinho!

Carolina PCunha disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Carolina PCunha disse...

Bem verdade, mas tão difícil de pôr em prática, de nos lembrarmos, às vezes... 😉