terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

"O Papa olhou para mim"




Pois é, é verdade, o tempo foi passando e eu não escrevi nada sobre a situação actual da Igreja.
Há umas semanas soubemos que o Papa Bento XVI iria resignar à cadeira de Pedro. A confusão foi tanta em todos os meios sociais que decidi deixar acalmar os ânimos e não me manifestar logo em relação ao tema em questão.
Amanhã reuno-me com amigos para juntos vermos a última audiência do nosso querido Papa. De repente, os dias fugiram e eu sinto-me distante de toda esta algazarra. Não quero ser "uma mais" no meio de tanto barulho, de tanta confusão. Mas quero exprimir-me e falar deste querido Papa que me marcou de uma forma impressionante.
Houve uma altura da minha vida em que eu estava muito em baixo e decidi ir a Santiago de Compostela, onde o Papa iria estar também. Rezei junto dele. Não vim mais animada nem tão pouco "curada" da minha tristeza. Mas voltei com um sentido sobrenatural muito maior. Percebi que os meus problemas se desvaneciam ao lado daquele grande homem, que nada valiam e que tinha de me deixar de "meninices" porque o mundo não está para as minhas infantilidades e não há tempo a perder.
Também passei uma Páscoa em Roma e, no meio da via sacra de sexta feira santa, à noite, chivia torrencialmente. Estavamos todos encharcados, não sentiamos os pés, as pernas gelavam e eu estava feliz. O Papa rezava connosco. Eu sentia-me cansada, apetecia-me sentar. Era lícito. Afinal de contas, estava há horas em pé. Levantei os olhos e lá estava ele, o sucessor de Pedro, agarrado à cruz de Cristo sem se mexer. Parecia que nada o pesava. Estava forte, erguido. E aquele homem, uma vez mais, deu-me uma grande lição. A mim. Uma rapariguinha com dores de pernas com vontade de descansar. Ele. Um homem com o pesar da idade, cheio de força e de vitalidade. O meu Papa!
Vários foram os momentos de alegria com a sensação de que o Papa me olhava nos olhos. A quem é que isto não aconteceu? "O Papa olhou para mim! O Papa olhou para mim!". E olhou mesmo. Pousou o seu olhar sobre o meu, nessa mesma noite, em Roma, quando o seu carro por mim passou e eu corri, juntamente com padres, freiras, amigos e amigas que largaram os guarda chuvas para correr atrás dele, em busca de um olhar, de uma benção, mostrando carinho. E olhou para mim em Lisboa. Passou por mim na Fontes Pereira de Melo. A algazarra já havia passado e todos os portugueses já estavam nas suas casas. Eu fiquei por ali, a passear. E o carro do Papa passou por mim, não havia ninguém mais à volta. Eu gritei, pulei.
          O carro parou, o vidro baixou e uma benção chegou...
E o Papa olhou-me. Só a mim. E eu fixei aquele olhar tão terno, tão paternal, tão cheio do peso de uma vida e de tanto trabalho mas tão leve na entrega a Deus. Tão leve no seu carinho. Tão leve no depositar-se nas mãos divinas.
Também a beatificação do Papa João Paulo II foi espantosa para mim. Dois Papas juntos. Um em espírito e outro em presença. E Roma cheia. Uma viagem única onde a minha melhor amiga ficou noiva e eu conheci o homem da minha vida. Pois é, também nas circunstâncias mais simples (mas tão importantes) da minha vida o Papa esteve presente. O Papa "apresentou-me" ao meu amor e, juntos, voltámos a escutar as suas santas e sábias palavras, nas jornadas mundiais da juventude, em Madrid. Queríamos estar juntos, novamente, para nos despedirmos deste querido Papa, deste nosso mentor. Mas não conseguimos.
          Estaremos amanhã, em Lisboa. E o Papa continuará presente nas nossas vidas, no nosso namoro e na vida a dois que queremos tomar.
  E um novo Papa virá. Este será o Papa emérito, continuará a vestir branco e estará retirado. Que homem humilde. Que homem tão grande que percebe que a sua fraqueza humana o impede de levar para a frente uma instituiçõ tão grande e santa como a Igreja. Que percebe que a Igreja precisa de mais. Que Papa! Que homem! Que santidade.
Até ao Céu, querido Papa. Voltaremos a estar juntos, sem dúvida.
Até sempre, meu querido Pai, meu Pai da Terra!!!!
Tanto havia mais para dizer. Obrigada, Santo Padre. Obrigada!!! Obrigada, Deus Meu. Obrigada pelo amor ao Papa que no meu ser depositaste.

2 comentários:

Catarina Nicolau Campos disse...

Lindo texto!! Tudo tão verdade!!

E as amigas a largar os guarda-chuvas... ;)
Ah que boa que foi essa viagem!!

Um beijinho

Unknown disse...

cati, qd escrevi essa parte lembrei me de ti Pq estavas lá!!! lembrei mesmo!
Bjs